CONFERÊNCIA DOS PÁSSAROS
Caderno de Apontamentos
domingo, 12 de março de 2017
terça-feira, 20 de setembro de 2016
terça-feira, 12 de julho de 2016
sexta-feira, 29 de abril de 2016
Portugal - Terra de Mistérios
Título: Portugal, terra de mistérios
Autor: Paulo Alexandre Loução
Editora: Ésquilo (1ª Edição, Abril 2001; 2.ª Edição, Maio 2001; 3.º Edição, Dezembro 2001; 4.ª Edição, Abril 2003)
Páginas: 400
Sinopse:
Depois do aturado trabalho de investigação, “Os Templários na Formação de Portugal”, Paulo Alexandre Loução percorreu Portugal ao encontro de símbolos, tradições e lugares mágicos, verdadeiros tesouros espirituais que merecem ser estudados, interpretados e sentidos, pois constituem uma riquíssima memória cultural e espiritual do nosso país de que urge tomar consciência.
O autor, enquadrando a sua interpretação simbólica tanto no âmbito da Nova Antropologia como da tradição esotérica, transporta-nos, através de símbolos, ao período da fundação que conforma o Portugal Mítico das Origens e, indo mais além, faz-nos viajar até à magia da antiga Lusitânia, a “Cidade da Luz”, e da misteriosa Ophiussa, a “Terra das Serpentes”.
Opinião:
Como apaixonado pela arqueologia e pela história do nosso país, este foi um dos livros que mais apreciei ler. Uma obra de auto nível, resultado de um grande trabalho de investigação por parte de Paulo Alexandre Loução para reavivar as memórias culturais e espirituais de Portugal, que percorreu o país de lés a lés na procura da descodificação de símbolos ancestrais existentes em vários monumentos, pertencentes a variados períodos da história, muitos deles abandonados à sua sorte mas que mereceram a atenção deste especialista na matéria. Recorrendo a uma vasta bibliografia, como suporte do seu trabalho, explica de forma clara e objectiva cada imagem existente numa igreja ou mosteiro como resultado do legado de um determinado povo que passou pela antiga Lusitânia e lá deixou a sua marca para a posteridade.
A cultura rica do nosso país assim o merece e pode-se dizer que para mim este livro funcionou como uma espécie de guia turístico que me levou a perceber toda a vertente esotérica, uma área que também me agrada profundamente, de um Portugal que merece ser conhecido por nós de uma forma mais apegada. Por isso, quando um dia, em trabalho, estive uns dias em Celorico da Beira aproveitei para conhecer de perto a famosa Pedra do Sino, colocada em cima de uma fraga, além dos diversos sarcófagos espalhados no local. Também a Capela-gruta dedicada ao culto mariano, situada nas imediações do Santuário de Nossa Senhora da Penha, em Guimarães, minha cidade natal, é para mim um local de culto, porque representa a ligação à Mãe-Terra. Dólmens, Menires e Mamoas descritas no livro também já mereceram a minha visita e, posso dizer, que fiquei encantada porque uma aventura no desconhecido é sempre um desafio aliciante. Aconselho vivamente esta leitura porque, tal como eu, vão ficar mais enriquecidos e orgulhosos da nossa pátria.
Necrópole de S. Gens | Pedra do Sino | Celorico de Basto
quarta-feira, 27 de abril de 2016
Primeiro poema de Camões impresso
Aquele único exemplo… é o primeiro poema de Luís de Camões, impresso, hoje conhecido. É uma «Ode ao Conde de Redondo», pedindo a proteção para um livro de um amigo. Integra o conjunto de paratextos dos Coloquios dos simples, e drogas he cousas medicinais da India, de Garcia de Orta. Foi impresso, em Goa, em 1563, por Ioannes de Endem, um impressor alemão que havia pouco tempo instalara o seu prelo na Índia portuguesa.
Se a lírica de Luís de Camões é hoje abundante, a sua quase totalidade só foi impressa depois da morte do poeta. Para além da obra épica (Os Lusíadas, impressos, em Lisboa, em 1572), só foram divulgados, em vida do autor, três poemas: a ode, que agora se evoca; uma elegia e um soneto, ambos publicados na Historia da prouincia sancta Cruz, de Pero de Magalhães de Gândavo, impressa em Lisboa, em 1576.
Embora passem este ano os 453 anos sobre a impressão da obra de Garcia de Orta, que inclui, repetimos, a primeira composição lírica de Luís de Camões, a sua primeira versão impressa esteve afastada do conhecimento comum até à segunda metade do século XIX. É certo que a «Ode ao Conde de Redondo» passou a integrar a lírica de Camões, a partir da segunda edição das Rimas, impressa em 1598, mas copiada de uma versão manuscrita que se afastava, em alguns versos, da versão original. Nas edições seguintes, a ode continua a ser reproduzida com variantes. Faria e Sousa, na edição comentada, impressa em 1685, confronta as duas versões, anotando as suas principais variantes, mas prevalecendo a edição de 1598. E assim se manteve e assim continua na magna edição que o Visconde de Juromenha faz das Obras de Luiz de Camões (Lisboa, 1861, vol. II, p. 275-278).
É Tito de Noronha (1881) e depois Teófilo Braga (1887) que defendem a reintegração da forma primitiva do poema no contexto da Lírica de Camões. Longe estavam de supor que havia, impressa, em vida do poeta, uma outra versão da mesma Ode.
João Alves Dias
segunda-feira, 11 de abril de 2016
sexta-feira, 8 de abril de 2016
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Conferência dos pássaros
A linguagem dos pássaros
Nas diversas tradições, fala-se com frequência de uma linguagem misteriosa denominada "linguagem dos pássaros", que somente os grandes Iluminados controlavam.
Esta designação é evidentemente simbólica, pois a importância atribuída a ela, como prerrogativa de uma alta iniciação, não permite que seja tomada de forma literal. Tanto é, que se lê ainda no Alcorão: "E Salomão foi o herdeiro de Davi; e disse: 'Ó homens, temos sido instruídos na linguagem dos pássaros'".
No sufismo, a língua dos pássaros é a própria língua dos anjos mística. A Linguagem dos Pássaros (Mantiq at-Tairem persa) é um poema místico com 4.647 versos escrito no século 12 pelo poeta Farid ud-Din Attar, um dos grandes luminares sufis.
Um grupo de pássaros desejava encontrar a seu rei; então pediram à poupa sábia (um pássaro com crista em forma de abano) que lhes ajudasse em sua busca. A poupa lhes disse que o rei que estão procurando se chama Simurgh (que significa em persa Trinta Pássaros) e que vive escondido na montanha de Kaf, porém, é uma viagem muito difícil e perigosa.
Os pássaros imploram à poupa que os guie. A poupa aceita e começa a ensinar a cada pássaro de acordo com seu nível e temperamento. Ela lhes diz que para alcançar o alto da montanha, necessitam atravessar cinco vales e dois desertos; quando tiverem passado o segundo deserto, entrarão no palácio do rei. Os de vontade débil, temerosos da viagem, começam a por desculpas...
"O que Attar quer dizer com essa simples conversação? Nós, humanos, temos o desejo de buscar a perfeição, mas muitas vezes tendemos a parar o processo tão logo detectamos o mais ligeiro sinal de progresso. Isto é especialmente certo nos aspirantes ao caminho espiritual: muitos buscadores estão encantados com as primeiras etapas do despertar e o confundem com a completa iluminação.
Attar nos adverte de tais perigos: "Não devemos confundir o amor do imaginário com o amor do Real. Por esta razão, o rouxinol tem de abandonar seu enganoso apego pela rosa para buscar o Eterno Amado".
Obra imperdível para quem deseja conhecer a força e a beleza poética do sufismo.
Esta designação é evidentemente simbólica, pois a importância atribuída a ela, como prerrogativa de uma alta iniciação, não permite que seja tomada de forma literal. Tanto é, que se lê ainda no Alcorão: "E Salomão foi o herdeiro de Davi; e disse: 'Ó homens, temos sido instruídos na linguagem dos pássaros'".
No sufismo, a língua dos pássaros é a própria língua dos anjos mística. A Linguagem dos Pássaros (Mantiq at-Tairem persa) é um poema místico com 4.647 versos escrito no século 12 pelo poeta Farid ud-Din Attar, um dos grandes luminares sufis.
Um grupo de pássaros desejava encontrar a seu rei; então pediram à poupa sábia (um pássaro com crista em forma de abano) que lhes ajudasse em sua busca. A poupa lhes disse que o rei que estão procurando se chama Simurgh (que significa em persa Trinta Pássaros) e que vive escondido na montanha de Kaf, porém, é uma viagem muito difícil e perigosa.
Os pássaros imploram à poupa que os guie. A poupa aceita e começa a ensinar a cada pássaro de acordo com seu nível e temperamento. Ela lhes diz que para alcançar o alto da montanha, necessitam atravessar cinco vales e dois desertos; quando tiverem passado o segundo deserto, entrarão no palácio do rei. Os de vontade débil, temerosos da viagem, começam a por desculpas...
"O que Attar quer dizer com essa simples conversação? Nós, humanos, temos o desejo de buscar a perfeição, mas muitas vezes tendemos a parar o processo tão logo detectamos o mais ligeiro sinal de progresso. Isto é especialmente certo nos aspirantes ao caminho espiritual: muitos buscadores estão encantados com as primeiras etapas do despertar e o confundem com a completa iluminação.
Attar nos adverte de tais perigos: "Não devemos confundir o amor do imaginário com o amor do Real. Por esta razão, o rouxinol tem de abandonar seu enganoso apego pela rosa para buscar o Eterno Amado".
Obra imperdível para quem deseja conhecer a força e a beleza poética do sufismo.
Rumi
sexta-feira, 6 de novembro de 2015
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
Dois poemas de Trakl
Georg Trakl, poeta austríaco expressionista, nasceu a 3 de Fevereiro de 1887 em Salzburgo. Era filho de um vendedor de ferro. Ainda muito jovem, talvez devido à sua instabilidade emocional, inicia-se no consumo de drogas como a cocaína e o ópio. Mantém uma relação amorosa com a sua irmã (quatro anos mais nova), Margarethe. Trakl vê na sua irmã uma cópia dele mesmo. Esta relação incestuosa terá grande influência na sua poesia. Em vários dos seus poemas aparecem alusões simbólicas a essa irmã, como por exemplo no poema Grodek, onde a certa altura se lê: “A sombra da irmã cambaleia , através do silencioso arvoredo , para saudar os espíritos dos heróis “, ou ainda no poema Blutschuld, onde Trakl se refere explicitamente a essa relação “ infame” nos seguintes versos:
A noite ameaça o leito de nossos beijos
Murmura-se: quem vos livra da culpa?
Ainda trementes da infame e doce volúpia
Rezamos: Maria, na tua graça, perdoa-nos.
Entre 1897 e 1905 frequenta o liceu humanístico estatal em Salzburgo. É um péssimo aluno, sobretudo nas disciplinas de Matemática, Latim e Grego, acabando por reprovar várias vezes. Durante os seus estudos de farmacêutica, em Viana, junta-se ao círculo dos poetas Apollo, que mais tarde se chamará Minerva. É nessa altura que publica os seus primeiros versos. Forma-se em 1910. De seguida reside em Innsbruck. Presta serviço militar na Primeira Grande Guerra como oficial farmacêutico. Quebrado e desiludido com o sofrimento do seu tempo, suicida-se, tomando uma sobredose de cocaína, no hospital militar de Cracóvia (Polónia), em 1914.
Durante o seu tempo de vida, Trakl ficou apenas conhecido nos meios literários restritos. Só postumamente vem a ser reconhecido como o grande poeta que é. A sua obra, relativamente pequena, o poeta morreu aos 27 anos, tem grande influência na futura lírica de língua alemã e internacional, influenciando poetas como Celan, Krolow, Günter Eich, Peter Huchel, Bobrowski, Ingeborg Bachmann etc.
Hoje, Trakl encontra-se traduzido naquelas que são consideradas as línguas mais importantes do mundo, e é estudado por um grande número de filólogos e pesquisadores de literatura. Trakl foi um dos grandes inovadores da linguagem poética de língua alemã. E é, tal como Hoddis e Lichtenstein (ambos, como Trakl, expressionistas), um dos iniciadores da chamada técnica do Reihungsstils, ajuntamento de frases, imagens, metáforas em que, em grande parte dos casos, não existe entre elas uma ligação sintáctica nem lógica.
A poética de Trakl é marcada por uma forte melancolia, desespero, solidão, tristeza e busca de Deus. A morte, a ruína e a queda do Ocidente espelham o estado do tempo em que viveu e são afirmações centrais da sua profunda e intensa lírica, carregada de símbolos e metáforas fulgurantes. O Outono e a noite são dois dos principais Leitmotive desta poética fabulosa.
De profundis
Há um restolhal onde cai uma chuva negra.
Há uma árvore castanha que está sozinha.
Há um vento sibilante que gira à volta das cabanas vazias.
Como é triste esta noite.
Ao lado da aldeia
A doce órfã ainda colhe espigas raras.
Os seus olhos redondos e dourados percorrem o crepúsculo
E o seu colo aguarda o noivo celestial.
De regresso a casa
Os pastores encontraram o doce corpo
Decomposto no espinhal.
Eu sou uma sombra, aldeias distantes e obscuras.
Bebi o silêncio de Deus
Na fonte do bosque.
Na minha fronte galopou um metal frio
Aranhas procuram o meu coração.
Há uma luz que se extinguiu na minha boca.
À noite dei comigo numa charneca,
Cheio de lixo e poeira de estrelas.
Nas avelaneiras tilintavam de novo
anjos cristalinos.
Canção nocturna
Hálito da imobilidade. O rosto de um animal
Congela de azul, a sua santidade.
O silêncio na pedra é tremendo.
A máscara de um pássaro nocturno. Um trítono
Suave funde-se num só. Elai! * O teu rosto
Dobra-se mudo sobre a água azulada.
Oh! Espelho silencioso da verdade.
Na têmpora de marfim solitário
Surge o reflexo dos anjos caídos.
*Elai ( aramaico ): meu Deus. Segundo o Novo Testamento,
Jesus clamou na cruz nesta língua: “ Meu Deus, meu Deus,
porque me abandonaste? “
terça-feira, 15 de setembro de 2015
sexta-feira, 28 de agosto de 2015
Trilho do Castelo em Castro Laboreiro
Trilho do Castelo em Castro Laboreiro
Trilho do Castelo em Castro Laboreiro
Vamos recuar no tempo…mais precisamente até ao Séc. XIII, em plena Idade Média. Estamos no reinado de D. Dinis, o soberano que manda edificar um castelo. O local para a edificação deste monumento é estrategicamente escolhido, situado num morro com excelentes condições naturais de defesa, uma excelente bacia de visão para nos nossos “inimigos” espanhóis e possibilidades de bom abastecimento dada a proximidade às linhas de água.
Estamos perante um cenário de um filme épico…uma fortificação, uma paisagem envolvente fenomenal marcada pela robustez do granito, é só imaginarmos o filme que desejamos…mas falta saber o nome do local eu digo chama-se… Castro Laboreiro!
Esta pequena vila situa-se em plena Serra da Peneda, concelho de Melgaço, e apesar da sua dimensão reduzida, está recheada de património cultural e natural que pode e deve ser explorado.
O castelo, é sem duvida o principal chamariz desta terra, não só pela sua importância histórica, mas também pelo seu impacto visual. Existe um trilho pedestre que nos leva até este recanto ainda relativamente bem conservado, e apesar de ser um percurso de curta duração, acredita que quando o trilhares vais-te sentir numa outra dimensão temporal
Não percas a oportunidade…
Informações úteis
Como chegar
Quem vem pelo lado de Melgaço, apanha a EN 202 – direcção Castro Laboreiro. Os que viajam pelo lado mais interior, podem entrar pelo Gerês EN 308-1, entram em Espanha por Lóbios e seguem direcção de Entrimo e Castro Laboreiro está a cerca de 15 km.
Inicio / fim
Castro Laboreiro
Distância e duração
Aprox. 2km / entre 1h 1h30h. O trilho não é homologado.
Dificuldade
Fácil.
O que visitar em Castro Laboreiro
Núcleo museológico, Igreja Matriz, Pelourinho, fornos comunitários e moinhos.
Onde dormir
Existe alguma oferta de alojamento em Castro Laboreiro.
Onde comer
Restaurante Miradouro do Castelo. Bacalhau com broa estava uma delicia Preço por pessoa à volta de 20 euros.
sábado, 25 de abril de 2015
Dois portugueses foram à Arménia ver como é o país de Calouste Gulbenkian
Two Portuguese were to Armenia to see how the country of Calouste Gulbenkian. Here's the result of your trip.
Dois portugueses foram à Arménia ver como é o país de Calouste Gulbenkian
Helena Araújo durante as filmagens de ARtMENIA.
O filme foi feito em 2013 e 2014, entre Berlim e Erevan
Ricardo Espírito Santo e Helena Araújo queriam filmar a Arménia de hoje e a Fundação Gulbenkian queria um filme assim. Deste encontro nasce a obra que será exibida em estreia mundial na terça-feira, às 21.00.
"É preciso fazer um filme com esta música", pensou Helena Araújo, economista, tradutora e blogger a viver em Berlim, depois de ouvir o Requiem que o compositor arménio Tigran Mansurian compôs para a Orquestra de Câmara de Munique e do Coro de Berlim, em 2011, em homenagem aos 1,5 milhões de arménios que perderam a vida em 1915. O músico respondeu "com certeza" e o passo seguinte foi telefonar ao realizador Ricardo Espírito Santo, seu amigo. "Temos de fazer o filme." E fizeram. O documentário ARtMENIA é apresentado na terça-feira, às 21.00, no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, na semana dedicada à cultura deste país.
O músico tornou-se o fio condutor do documentário, filmado em 2013 e 2014, entre Berlim e a Arménia, com outros artistas do país: um pintor, um escritor, um músico de jazz. "Ele era o meu contacto e explicou-me a riqueza cultural, os museus (...) Mostrámos-lhe imagens da música sobrepostas com as de uma arménia que canta uma música milenar, casam bem e ele ficou emocionado."
(clik no link acima)
segunda-feira, 9 de março de 2015
Bach - Brandenburg Concerto No. 5 in D major BWV 1050 - 1. Allegro
Otto Büchner, violin
Paul Meisen, flute
Paul Meisen, flute
sexta-feira, 6 de março de 2015
Fernando Pessoa, Dois poemas de "O Guardador de rebanhos"
O GUARDADOR DE REBANHOS - XL
Passa uma borboleta por diante de mim
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.
E pela primeira vez no Universo eu reparo
Que as borboletas não têm cor nem movimento,
Assim como as flores não têm perfume nem cor.
A cor é que tem cor nas asas da borboleta,
No movimento da borboleta o movimento é que se move,
O perfume é que tem perfume no perfume da flor.
A borboleta é apenas borboleta
E a flor é apenas flor.
Fernando Pessoa
O GUARDADOR DE REBANHOS - XXXIX
O mistério das cousas, onde está ele?
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos:
Onde está ele que não aparece
Pelo menos a mostrar-nos que é mistério?
Que sabe o rio disso e que sabe a árvore?
E eu, que não sou mais do que eles, que sei disso?
Sempre que olho para as cousas e penso no que os homens pensam delas,
Rio como um regato que soa fresco numa pedra.
Porque o único sentido oculto das cousas
É elas não terem sentido oculto nenhum,
É mais estranho do que todas as estranhezas
E do que os sonhos de todos os poetas
E os pensamentos de todos os filósofos,
Que as cousas sejam realmente o que parecem ser
E não haja nada que compreender.
Sim, eis o que os meus sentidos aprenderam sozinhos:
— As cousas não têm significação: têm existência.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.
As cousas são o único sentido oculto das cousas.
Fernando Pessoa
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015
As "Elegias" de Rilke
Rainer Maria Rilke faz a si próprio a pergunta enquanto poeta sobre o sentido da vida e o sentido de sua vida. As "Elegias" mostram a sua resposta na forma de metáforas poéticas.
Após o aparecimento das "Elegias de Duino" em 1923, Rainer Maria Rilke contagia o seu editor Anton Kippenberg para a primeira edição abrangente na Insel Verlag.
Ela deve conter tudo o que Rilke considera ser o centro de sua obra literária. «Sonetos a Orfeu», as «Elegias de Duíno», e outras obras, o mais significativo de prosa e contos.
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015
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