terça-feira, 29 de abril de 2014

Teologia e espiritualidade

« Aqueles marcados com o sinal da cruz deixaram de ser cegos neste mundo; eles vêem em todos os lugares e eles comprendem a semiologia divina, aí onde tantos tolos não crêem descobrir senão  o acaso e o acidental (...) Os Cruce Signati, estes cristãos regenerados ou "cosmoxènes" contraíram um casamento triplo da alma com o corpo,  melhor ainda, a fé sã com a vida santa, e a união mais sagrada de todas, que conhece a alma esposa com Cristo como seu esposo. »

Johann Valentin Andrea (1586-1654)



segunda-feira, 28 de abril de 2014

Uma despedida fora de tempo - Vasco Graça Moura

Vasco Graça Moura (1942-2014)  

(Foz do Douro3 de Janeiro de 1942 — Lisboa27 de Abril 2014) foi um poeta, escritortradutor e político português.

  Vasco Graça Moura morreu hoje de manhã. Tinha 72 anos. Poeta, ensaísta, ficcionista e tradutor, deixa uma obra que marca o século XX português. Actual presidente da Fundação Centro Cultural de Belém, Graça Moura ocupou nos últimos quarenta anos diversos cargos institucionais. Director de programas da RTP; presidente da Imprensa Nacional / Casa da Moeda (a ele se devendo a edição portuguesa, em 41 volumes, da enciclopédia Einaudi); presidente da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Fernando Pessoa; comissário-geral de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha; presidente da Comissão Nacional dos Descobrimentos (1988-95); director da revista Oceanos; director da Fundação Casa de Mateus; membro do conselho-geral da Comissão Nacional da UNESCO; director do Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian (1996-99) e também consultor da FLAD. Além de diversos prémios literários, em Portugal e no estrangeiro, recebeu em 1995 o Prémio Pessoa. Há três meses foi-lhe outorgada a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada. Homem de convicções fortes, nunca se preocupou com a ideologia dos seus pares. Várias vezes compilada, a obra poética [1962-2010] encontra-se disponível em dois volumes que a Quetzal publicou em Outubro de 2012 com o título de Poesia Reunida.


Traduziu, entre muitas outras obras, Os sonetos a Orfeu e Elegias de Duíno de Rilke, A Divina Comédia de Dante, Os sonetos de Shakespeare, Petrarca, Villon, e Gottfried Benn.



Excerto do poema Lamento para a língua portuguesa

«não és mais do que as outras, mas és nossa,
e crescemos em ti. nem se imagina
que alguma vez uma outra língua possa
pôr-te incolor, ou inodora, insossa,
ser remédio brutal, mera aspirina,
ou tirar-nos de vez de alguma fossa,
ou dar-nos vida nova e repentina.
mas é o teu país que te destroça,
o teu próprio país quer-te esquecer
e a sua condição te contamina
e no seu dia-a-dia te assassina.»

 de Vasco Graça Moura



Por certo, Vasco Graça Moura fará a sua ascensão aos céus na companhia do Anjo de Portugal! Merece-o por todo o amor e dedicação consagrados à Pátria. 
A nós, portugueses e europeus, resta-nos agradecer o trabalho que nos legou, bem como o esforço e dedicação que empregou na preservação do nosso património cultural e civilizacional. Honremos a sua memória e saibamos prosseguir vitoriosamente as suas lutas, em particular, aquela que nos move em prol da defesa e preservação da Língua Portuguesa!

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Novalis, excerto de Os Hinos à noite

Busto de Novalis



OS HINOS À NOITE

4

Sei agora quando será a manhã derradeira - quando a luz não afugentar mais a noite e o Amor – quando o sono for eterno e um sonho só inesgotável. Sinto em mim uma fadiga celeste – Longa e penosa foi a minha peregrinação ao Sepulcro Santo, opressiva a minha Cruz. A onda de Cristal, imperceptível aos vulgares sentidos, que jorra no seio obscuro do montículo de cujo sopé o terrestre caudal irrompe, quem dela alguma vez provou, quem esteve no cume das montanhas que delimitam o mundo e olhou para Além, para a nova terra, a morada da Noite – em verdade, esse não regressará jamais aos trabalhos deste mundo, à terra onde a Luz habita em eterna agitação.
Esse é o que levantará no alto as tendas da Paz, o que sente a ânsia e o amor e que olha para Além até que a hora entre todas bendita o faça descer ao imo da nascente – por cima, flutua o que é eterno, reflui ao sabor de tormentas; mas tudo aquilo que o contacto do amor santificou escorre dissolvido, por ocultas vias, para a região do Além e aí se mistura, como os aromas, com os seres amados para sempre adormecidos.
(…)



NovalisOs hinos à noitetradução de fiama hasse pais brandão
assírio & alvim
1998




Existe em nós
um sentido especial para a poesia,
uma disposição poética.
A poesia é absolutamente pessoal,
e por isso indefinível.
Quem não souber nem sentir
de forma imediata
o que é a poesia,
nunca poderá aprendê-lo.
Poesia é poesia.
Diferente, como a noite do dia,
da arte da fala e da palavra.


O amor é a finalidade final
da história do mundo —
o ámen do universo.

NovalisFragmentos são Sementes, Selecção, tradução e ensaio de João Barrento, Roma Editora, Lisboa, 2006.
Pinturas de Caspar David Friedrich (1774-1840).

terça-feira, 8 de abril de 2014

D. Manuel II (1908-1910)


D. MANUEL II


D. Manuel II de Portugal (nome completo: Manuel Maria Filipe Carlos Amélio Luís Miguel Rafael Gabriel Gonzaga Xavier Francisco de Assis Eugénio de Bragança Orleães Sabóia e Saxe-Coburgo-Gotha), (15 de novembro de 1889 – 2 de julho de 1932) foi o trigésimo-quinto e último Rei de Portugal. D. Manuel II sucedeu ao seu pai, o Rei D. Carlos I, depois do assassinatodeste e do seu irmão mais velho, o Príncipe Real D. Luís Filipe, a 1 de Fevereiro de 1908. Antes da sua ascensão ao trono, D. Manuel foi duque de Beja e Infante de Portugal.


  1. Nove reis numa mesma foto...

    Monarcas reunidos em Inglaterra onde estiveram presentes no funeral de Edward VII,
    em Maio de 1910.

    De pé da esq. p/ Direita vemos: O Rei Haakon VII da Noruega, Rei Ferdinand da Bulgária,
    Rei Manuel II de Portugal, William II da Alemanha, Rei George I da Grécia, Rei Albert I da Bélgica.

    Sentados da esq./direita vemos: Rei Alfonso XIII de Espanha, Rei George V de Inglaterra, Rei Frederick VII da Dinamarca

    Fonte: João Moniz in "Facebook"


Moeda de 500 réis, prata, comemorativa do Marquez de Pombal



Moeda de 1.000 réis, prata, comemorativa da Guerra Peninsular (1808-1814)

1910 - Sobrescrito registado circulado na Horta
com a série D. Manuel II Açores



1911 - Postal Circulado de Ponta Delgada para Lisboa,
com selo de 10 réis de D. Manuel II Açores



1911 - Bilhete Postal circulado de Ponta Delgada para os
Estados Unidos da América, selos de D. Manuel II Açores, com
sobrecarga República


1911 - Inteiro Postal, obliterado na Horta, de D. Manuel II Açores,
com sobrecarga República


1911 - Bilhete Postal circulado em Angra do Heroísmo, selo de D. Manuel II Açores,
com sobrecarga República


1912 - Sobrescrito circulado de Angra do Heroísmo para os
Estados Unidos da América, com selo de D. Manuel II, com sobrecarga República.

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Sobre imagens de Gustav Doré

Gustave Doré. 
O imaginário ao poder. 
Música original do grupo Odland "The Golden Mountain" 
Exposição no Museu d'Orsay de 18 de fevereiro to 11 de maio de 2014.





domingo, 6 de abril de 2014

Magnificat


                                                     

                                         J.S. Bach, Magnificat 

sexta-feira, 4 de abril de 2014

A Caminho do Corvo, poema



A minha vida está velha
Mas eu sou novo até aos dentes.
Bendito seja o deus do encontro,
O mar que nos criou
Na sede da verdade,
A moça que o Canal tocou com seus fantasmas
E se deu de repente a mim como uma mãe,
Pois fica-se sabendo
Que da espuma do mar sai gente e amor também.
Bendita a Milha, o espaço ardente,
E a mão cerrada
Contra a vida esmagada.
Abençoemos o impossível
E que o silêncio bem ouvido
Seja por mim no amor de alguém.


                                         Vitorino Nemésio - 25.07.1969