Vasco Graça Moura (1942-2014)
(Foz do Douro, 3 de Janeiro de 1942 — Lisboa, 27 de Abril 2014) foi um poeta, escritor, tradutor e político português.
Vasco Graça Moura morreu hoje de manhã. Tinha 72 anos. Poeta, ensaísta, ficcionista e tradutor, deixa uma obra que marca o século XX português. Actual presidente da Fundação Centro Cultural de Belém, Graça Moura ocupou nos últimos quarenta anos diversos cargos institucionais. Director de programas da RTP; presidente da Imprensa Nacional / Casa da Moeda (a ele se devendo a edição portuguesa, em 41 volumes, da enciclopédia Einaudi); presidente da Comissão Executiva das Comemorações do Centenário de Fernando Pessoa; comissário-geral de Portugal para a Exposição Universal de Sevilha; presidente da Comissão Nacional dos Descobrimentos (1988-95); director da revista Oceanos; director da Fundação Casa de Mateus; membro do conselho-geral da Comissão Nacional da UNESCO; director do Serviço de Bibliotecas e Apoio à Leitura da Fundação Calouste Gulbenkian (1996-99) e também consultor da FLAD. Além de diversos prémios literários, em Portugal e no estrangeiro, recebeu em 1995 o Prémio Pessoa. Há três meses foi-lhe outorgada a Grã-Cruz da Ordem de Santiago da Espada. Homem de convicções fortes, nunca se preocupou com a ideologia dos seus pares. Várias vezes compilada, a obra poética [1962-2010] encontra-se disponível em dois volumes que a Quetzal publicou em Outubro de 2012 com o título de Poesia Reunida.
Traduziu, entre muitas outras obras, Os sonetos a Orfeu e Elegias de Duíno de Rilke, A Divina Comédia de Dante, Os sonetos de Shakespeare, Petrarca, Villon, e Gottfried Benn.
Excerto do poema Lamento para a língua portuguesa
«não és mais do que as outras, mas és nossa,
e crescemos em ti. nem se imagina
que alguma vez uma outra língua possa
pôr-te incolor, ou inodora, insossa,
ser remédio brutal, mera aspirina,
ou tirar-nos de vez de alguma fossa,
ou dar-nos vida nova e repentina.
mas é o teu país que te destroça,
o teu próprio país quer-te esquecer
e a sua condição te contamina
e no seu dia-a-dia te assassina.»
de Vasco Graça Moura
Por certo, Vasco Graça Moura fará a sua ascensão aos céus na companhia do Anjo de Portugal! Merece-o por todo o amor e dedicação consagrados à Pátria.
A nós, portugueses e europeus, resta-nos agradecer o trabalho que nos legou, bem como o esforço e dedicação que empregou na preservação do nosso património cultural e civilizacional. Honremos a sua memória e saibamos prosseguir vitoriosamente as suas lutas, em particular, aquela que nos move em prol da defesa e preservação da Língua Portuguesa!
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