Ao Partir
Ao partir, ficam-me coisas por acabar,
ao partir.
Salvei a gazela da mão do caçador
mas continuou desmaiada, sem recuperar os sentidos.
Colhi a laranja do ramo,
Mas não consegui tirar-lhe a casca.
Reuni-me com as estrelas,
mas não as consegui contar.
Tirei a água do poço
mas não pude servi-la nos copos.
Coloquei as rosas na bandeja,
mas não pude esculpir as taças de pedra.
Não saciei os meus amores.
Ao partir, ficam-me coisas por acabar,
ao partir.
Junho de 1959
Traduzido por Carlos Loures da versão castelhana de Fernando García Burillo dos "Últimos poemas 1959-1960-1961" (Ediciones del oriente y del mediterráneo -Madrid 2000)
Ao partir, ficam-me coisas por acabar,
ao partir.
Salvei a gazela da mão do caçador
mas continuou desmaiada, sem recuperar os sentidos.
Colhi a laranja do ramo,
Mas não consegui tirar-lhe a casca.
Reuni-me com as estrelas,
mas não as consegui contar.
Tirei a água do poço
mas não pude servi-la nos copos.
Coloquei as rosas na bandeja,
mas não pude esculpir as taças de pedra.
Não saciei os meus amores.
Ao partir, ficam-me coisas por acabar,
ao partir.
Junho de 1959
Traduzido por Carlos Loures da versão castelhana de Fernando García Burillo dos "Últimos poemas 1959-1960-1961" (Ediciones del oriente y del mediterráneo -Madrid 2000)
A Nogueira
Eu, cabeça, espuma, espuma, nuvens.
Mar, que, em mim adentro, em mim afora...
Sou a nogueira
do parque “Casa das Rosas”.
De nó a nó, de lasca a lasca,
Velha e precisada,
E que ninguém, nem a polícia olha.
A nogueira do parque “Casa das Rosas”.
Minhas folhas ágeis agem como peixe em água,
Minhas folhas finas, puras como lenços da mais fina seda,
Puras pelo ar.
Colhe, minha rosa, a idade de teus olhos.
Minhas folhas que são mãos, e tenho cem mil delas,
Bela, pra tocar-te, e toco-te com elas.
Tu e Istambul.
Minhas folhas, que são olhos, e olho em desvario,
Vejo-te com cem mil olhos,
Tu e Istambul.
Cem mil corações, que batem, batem, batem...
Minhas folhas...
Sou a nogueira do parque “Casa das Rosas”,
Que ninguém, nem a polícia olha.
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