sexta-feira, 29 de abril de 2016

Portugal - Terra de Mistérios




 Título: Portugal, terra de mistérios

Autor: Paulo Alexandre Loução
Editora: Ésquilo (1ª Edição, Abril 2001; 2.ª Edição, Maio 2001; 3.º Edição, Dezembro 2001; 4.ª Edição, Abril 2003)
Páginas: 400


Sinopse:

Depois do aturado trabalho de investigação, “Os Templários na Formação de Portugal”, Paulo Alexandre Loução percorreu Portugal ao encontro de símbolos, tradições e lugares mágicos, verdadeiros tesouros espirituais que merecem ser estudados, interpretados e sentidos, pois constituem uma riquíssima memória cultural e espiritual do nosso país de que urge tomar consciência.
O autor, enquadrando a sua interpretação simbólica tanto no âmbito da Nova Antropologia como da tradição esotérica, transporta-nos, através de símbolos, ao período da fundação que conforma o Portugal Mítico das Origens e, indo mais além, faz-nos viajar até à magia da antiga Lusitânia, a “Cidade da Luz”, e da misteriosa Ophiussa, a “Terra das Serpentes”.

Opinião:

Como apaixonado pela arqueologia  e pela história do nosso país, este foi um dos livros que mais apreciei ler. Uma obra de auto nível, resultado de um grande trabalho de investigação por parte de Paulo Alexandre Loução para reavivar as memórias culturais e espirituais de Portugal, que percorreu o país de lés a lés na procura da descodificação de símbolos ancestrais existentes em vários monumentos, pertencentes a variados períodos da história, muitos deles abandonados à sua sorte mas que mereceram a atenção deste especialista na matéria. Recorrendo a uma vasta bibliografia, como suporte do seu trabalho, explica de forma clara e objectiva cada imagem existente numa igreja ou mosteiro como resultado do legado de um determinado povo que passou pela antiga Lusitânia e lá deixou a sua marca para a posteridade.
A cultura rica do nosso país assim o merece e pode-se dizer que para mim este livro funcionou como uma espécie de guia turístico que me levou a perceber toda a vertente esotérica, uma área que também me agrada profundamente, de um Portugal que merece ser conhecido por nós de uma forma mais apegada. Por isso, quando um dia, em trabalho, estive uns dias em Celorico da Beira aproveitei para conhecer de perto a famosa Pedra do Sino, colocada em cima de uma fraga, além dos diversos sarcófagos espalhados no local. Também a Capela-gruta dedicada ao culto mariano, situada nas imediações do Santuário de Nossa Senhora da Penha, em Guimarães, minha cidade natal, é para mim um local de culto, porque representa a ligação à Mãe-Terra. Dólmens, Menires e Mamoas descritas no livro também já mereceram a minha visita e, posso dizer, que fiquei encantada porque uma aventura no desconhecido é sempre um desafio aliciante. Aconselho vivamente esta leitura porque, tal como eu, vão ficar mais enriquecidos e orgulhosos da nossa pátria.

Necrópole de S. Gens | Pedra do Sino | Celorico de Basto

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Primeiro poema de Camões impresso

Aquele único exemplo… é o primeiro poema de Luís de Camões, impresso, hoje conhecido. É uma «Ode ao Conde de Redondo», pedindo a proteção para um livro de um amigo. Integra o conjunto de paratextos dos Coloquios dos simples, e drogas he cousas medicinais da India, de Garcia de Orta. Foi impresso, em Goa, em 1563, por Ioannes de Endem, um impressor alemão que havia pouco tempo instalara o seu prelo na Índia portuguesa.

Se a lírica de Luís de Camões é hoje abundante, a sua quase totalidade só foi impressa depois da morte do poeta. Para além da obra épica (Os Lusíadas, impressos, em Lisboa, em 1572), só foram divulgados, em vida do autor, três poemas: a ode, que agora se evoca; uma elegia e um soneto, ambos publicados na Historia da prouincia sancta Cruz, de Pero de Magalhães de Gândavo, impressa em Lisboa, em 1576.


Embora passem este ano os 453 anos sobre a impressão da obra de Garcia de Orta, que inclui, repetimos, a primeira composição lírica de Luís de Camões, a sua primeira versão impressa esteve afastada do conhecimento comum até à segunda metade do século XIX. É certo que a «Ode ao Conde de Redondo» passou a integrar a lírica de Camões, a partir da segunda edição das Rimas, impressa em 1598, mas copiada de uma versão manuscrita que se afastava, em alguns versos, da versão original. Nas edições seguintes, a ode continua a ser reproduzida com variantes. Faria e Sousa, na edição comentada, impressa em 1685, confronta as duas versões, anotando as suas principais variantes, mas prevalecendo a edição de 1598. E assim se manteve e assim continua na magna edição que o Visconde de Juromenha faz das Obras de Luiz de Camões (Lisboa, 1861, vol. II, p. 275-278).

É Tito de Noronha (1881) e depois Teófilo Braga (1887) que defendem a reintegração da forma primitiva do poema no contexto da Lírica de Camões. Longe estavam de supor que havia, impressa, em vida do poeta, uma outra versão da mesma Ode.

                                             João Alves Dias


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Conferência dos pássaros

A linguagem dos pássaros

Nas diversas tradições, fala-se com frequência de uma linguagem misteriosa denominada "linguagem dos pássaros", que somente os grandes Iluminados controlavam.

Esta designação é evidentemente simbólica, pois a importância atribuída a ela, como prerrogativa de uma alta iniciação, não permite que seja tomada de forma literal. Tanto é, que se lê ainda no Alcorão: "E Salomão foi o herdeiro de Davi; e disse: 'Ó homens, temos sido instruídos na linguagem dos pássaros'".

No sufismo, a língua dos pássaros é a própria língua dos anjos mística. A Linguagem dos Pássaros (Mantiq at-Tairem persa) é um poema místico com 4.647 versos escrito no século 12 pelo poeta Farid ud-Din Attar, um dos grandes luminares sufis.

Um grupo de pássaros desejava encontrar a seu rei; então pediram à poupa sábia (um pássaro com crista em forma de abano) que lhes ajudasse em sua busca. A poupa lhes disse que o rei que estão procurando se chama Simurgh (que significa em persa Trinta Pássaros) e que vive escondido na montanha de Kaf, porém, é uma viagem muito difícil e perigosa.

Os pássaros imploram à poupa que os guie. A poupa aceita e começa a ensinar a cada pássaro de acordo com seu nível e temperamento. Ela lhes diz que para alcançar o alto da montanha, necessitam atravessar cinco vales e dois desertos; quando tiverem passado o segundo deserto, entrarão no palácio do rei. Os de vontade débil, temerosos da viagem, começam a por desculpas...

"O que Attar quer dizer com essa simples conversação? Nós, humanos, temos o desejo de buscar a perfeição, mas muitas vezes tendemos a parar o processo tão logo detectamos o mais ligeiro sinal de progresso. Isto é especialmente certo nos aspirantes ao caminho espiritual: muitos buscadores estão encantados com as primeiras etapas do despertar e o confundem com a completa iluminação.

Attar nos adverte de tais perigos: "Não devemos confundir o amor do imaginário com o amor do Real. Por esta razão, o rouxinol tem de abandonar seu enganoso apego pela rosa para buscar o Eterno Amado".

Obra imperdível para quem deseja conhecer a força e a beleza poética do sufismo.




Rumi