Marco Lucchesi
“A noite é fria”
A noite é fria
e as estrelas
brilham ao longe
é preciso sofrer
a vastidão
como quem se entrega
ao sacrifício de um deus
passei da insônia
escura
ao candor
da Via-Láctea
são tantas e tão diversas
as formas
de sondar a beleza
o Cão Maior
e a estrela Sirius
a mais brilhante de todo
firmamento
Antares
rival
de Marte sendo outro
seu vermelho quase
tão forte e vivaz
Sagitário
com seu arco
esplendoroso
e as vastas nebulosas
que se adensam
da cauda do Escorpião
aos braços
do arqueiro
a nebulosa da Lagoa
a Trífida a Ferradura
e outras muitas
como a M 55
meu sono químico
se perde no silêncio
em que ressoa a mais profunda paz
e vem
antes que Lúcifer desponte
rompendo a escuridão
com a força de seus raios
antes que Lia
volte a perseguir
com seus latidos
gatos mariposas
hei de voltar sereno
aos braços da manhã
para caçar as formas
da beleza
mais funda e mais severa
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