sexta-feira, 30 de maio de 2014

Primeiro livro póstumo de Vasco Graça Moura

Guerra e Paz edita o último livro de Vasco Graça Moura

Título: Retratos de Camões
Autor: Vasco Graça Moura
N.º de Páginas: 88 páginas
PVP: 15 €
Género: Não Ficção/Ensaio
Nas livrarias a 4 de Junho
Guerra e Paz Editores

Sinopse:
Podemos assim concluir, com alguma segurança, que a perda do olho direito marcou psicologicamente o nosso poeta. Isto é, o mesmo sinal fisionómico que depois caracterizou toda a sua iconografia começa por ter uma certa relevância na própria obra do autor. De resto, fazendo a agulha para um tema que também lhe era caro, o da memória, uma das suas redondilhas, que até pode ter sido escrita antes da perda do olho direito, fala da intensificação da faculdade de recordar em quem tenha perdido a vista:

Como aquele que cegou
é cousa vista e notória
que a natureza ordenou
que se lhe dobre em memória
       o que em vista lhe faltou…



Foi o último livro de Vasco Graça Moura. A poucos dias do 10 de Junho, dia de Camões, a Guerra e Paz Editores, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Autores, tem a honra de fazer chegar aos leitores um livro de Vasco Graça Moura sobre a iconografia camoniana. É um pequeno livro, encadernado, com ilustrações a cores, que inclui retratos contemporâneos de Camões da autoria de Júlio Pomar, José de Guimarães, João Cutileiro e José Aurélio, a par dos retratos clássicos.

«O que esta pequenina edição pretende ser é tudo o que Vasco Graça Moura queria que o livro fosse e a que ele me deu o seu acordo», explica Manuel S. Fonseca, administrador da Guerra e Paz, numa Nota de Editor, agora que o livro está concluído.

Vasco Graça Moura, ao longo deste seu livro faz um estudo histórico dos retratos de Camões, identificando os que terão sido feitos em vida do poeta e os que, posteriormente, deram substância à imagem que hoje temos dele. Quais foram os primeiros retratos dele? Como nos chegaram? Que autenticidade lhes podemos atribuir? Para desfazer o enigma que paira sobre a vera effigies do poeta, Vasco Graça Moura escreveu as 88 páginas do ensaio muito bem documentado e argumentado que é «Retratos de Camões».

A sessão de lançamento de «Retratos de Camões» vai decorrer na terça-feira, 3 de Junho, às 18h30, na Sociedade Portuguesa de Autores, em Lisboa. Com apresentação do pintor José de Guimarães, Professor Vítor Aguiar e Silva e do presidente da SPA, José Jorge Letria.



segunda-feira, 26 de maio de 2014

Salvatore Quasimodo, poema


Neve




Cai a noite: ainda nos deixam
imagens queridas da terra, árvores,
animais, pobre gente que se fecha
em capotes de soldados, mães
de ventre seco pelas lágrimas.
E a neve ilumina os prados
como a lua. Oh estes mortos. Batam
na fronte, batam até ao coração.
Que ao menos no silêncio alguém uive
neste círculo branco de sepultados.
Salvatore Quasimodo, Itália (1901-1968), tradução de Nuno Dempster

domingo, 25 de maio de 2014

O 5.º centenário do Mosteiro dos Jerónimos e os judeus

Por ©
Inácio Steinhardt
Dezembro de 2001

A história do Mosteiro dos Jerónimos, cujo 5º Centenário é o tema das comemorações, que se encerraram no passado 8 de Outubro, está intimamente ligada à história dos judeus em Portugal.
O falecido historiador israelita, Elias Lipiner, Comendador da Ordem de Mérito, a título póstumo, explica e documenta, na sua obra "Two Portuguese Exiles in Castile (Jerusalém,1997) as circunstâncias em que a Sinagoga Grande de Lisboa, construída em 1306-7, por ordem do Arrabi-Mor, Dom Judah, foi entregue aos frades da ordem de Cristo, em troca da capela de Santa Maria de Belém, na praia do Restelo. Desejoso de construir um mosteiro monumental, junto à praia de onde haviam partido as caravelas para os Descobrimentos, D. Manuel I, o Venturoso, ofereceu aos frades, em troca do terreno, a antiga "esnoga dos Judeus", sita no que antes fora a Judiaria Grande de Lisboa.
Após o decreto de expulsão de 1496 e a conversão forçada de todos os judeus em 1497, estes foram despojados do seu antigo templo, e a área da Judiaria passou a chamar-se Vila Nova. Juntamente com o edifício da sinagoga - cuja adaptação para igreja cristã foi autorizada pelo Papa, segundo relata Damião de Góis, na Crónica do Felicíssimo Rei D. Manuel - o monarca concedeu aos frades uma renda de 50 mil reais, pelas casas situadas dentro da referida Vila Nova. Entre essas casas situava-se uma casa nobre, que havia pertencido à família do judeu David Negro, a qual se refere Frei Joseph Pereira de Santa Anna, na sua "Crónica dos Carmelitas".
A Sinagoga Grande de Lisboa, deveria ter sido um edifício sumptuoso para a época, pois constituía uma atracção turística importante. O viajante alemão Jerónimo Muenzer, que visitou Lisboa em 1494, pouco antes da supressão do Judaísmo em Portugal, refere-se ao seu interior, "decorado com extrema beleza, com um púlpito para os sermões, semelhante aos das mesquitas e dez enormes candelabros com 50 ou 60 lâmpadas cada um, além dos outros". O edifício foi então purificado e reestruturado, para ser transformado na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, que se situava, antes do terramoto de 1755, segundo Samuel Schwarz e Augusto Vieira da Silva, na antiga Rua da Princesa (hoje Rua dos Fanqueiros), na esquina com a Rua dos Mercadores, a meia distância entre as actuais Ruas de S. Nicolau e da Conceição. Na voz do povo, em 1755, a igreja era chamada a Conceição Velha, para a distinguir da Conceição Nova, situada na então Rua Nova dos Ferros. A Igreja da Conceição Velha não foi incluida no plano pombalino de reconstrução da Baixa lisboeta, depois do terramoto. Em vez disso, o rei D. José deu aos frades o sítio da sumptuosa igreja da Misericórdia, na actual Rua da Alfândega, que também havia sido destruída pelo sismo. Aí foi construída a igreja, que ainda hoje existe, e que também ficou a ser conhecida por Conceição Velha. Talvez por isso, Alexandre Herculano e outros autores identificaram, por engano, a igreja da Rua da Alfândega com a Sinagoga Grande de Lisboa. Outros autores, como Vilhena Barbosa, Faria e Silva, Vieira da Silva e Samuel Schwarz desfizeram a confusão. Isso não impede que alguns guias turísticos ainda apontem para a ombreira da porta da Conceição Velha, na Rua da Alfândega, mostrando aos visitantes judeus, o que lhes parece ter sido o lugar da "mezuzá" judaica, uma caixa contendo um rolo de pergaminho com dois textos bíblicos. De qualquer modo, os turistas já não podem visitar o lugar do último templo judaico de Lisboa. Nem o sumptuoso Mosteiro dos Jerónimos, de visita obrigatória, que agora comemorou o 5º centenário da sua construção, é habitualmente relacionado com a expropriação da sinagoga, para substituir a capela de Santa Maria de Belém.

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Kerouac

Jack Kerouac






Criou o movimento beat. Recusou o título. Andou pela a América ao ritmo do bop, benzedrina e álcool. Os seus livros influenciaram gerações. Não aguentou o peso da fama, as constantes requisições para aparecer. Isolou-se do mundo. Acabou por morrer vítima de cirrose. É uma figura romântica por natureza. O mais curioso para mim é que o termo beat vem associado ao ritmo frenético do jazz. Eu associo-o mais à derrota, ao beat(en). Mas isso sou eu.

domingo, 18 de maio de 2014

Louvor a Maria, Nossa Senhora

« O nó da desobediência de Eva foi desatado pela obediência de Maria; aquilo que a virgem Eva tinha amarrado pela sua incredulidade, a virgem Maria libertou-o com a sua fé. »   SANTO IRENEU, Séc. II

« Santa Virgem, Mãe de Deus, Maria, tesouro imaculado de virgindade, paraíso espiritual do segundo Adão (Cristo), laboratório onde se deu a união das duas naturezas em Cristo, mercado do salvífico comércio, tálamo em que o Verbo desposou a carne, sarça viva... »  PRÓCOLO, Séc. V

« Ó Cristo, Verbo do Pai, Tu desceste como a chuva sobre o campo da Virgem e, como grão de trigo perfeito, apareceste onde nenhum semeador tinha alguma vez semeado e tornaste-te alimento para o mundo (...) Nós te glorificamos, Virgem Mãe de Deus, velo que absorveu o orvalho celeste, campo de trigo abençoado para satisfazer a fome da criação. » LITURGIA SIRO-MARONITA




quinta-feira, 15 de maio de 2014

Rodrigo Leão


  É com o som de piano que A Montanha Mágica se começa a desenhar perante os nossos ouvidos. Esse primeiro tema do novo álbum de Rodrigo Leão estabelece de imediato o tom para a viagem que se segue: melodias que parecem fazer-se do mesmo tecido dos sonhos e das memórias, rendilhados de cordas capazes de transportar quem os ouve para outro lugar. E assim se faz a magia da música de Rodrigo Leão, ela própria um outro lugar que oferece refúgio e conforto.