segunda-feira, 26 de maio de 2014

Salvatore Quasimodo, poema


Neve




Cai a noite: ainda nos deixam
imagens queridas da terra, árvores,
animais, pobre gente que se fecha
em capotes de soldados, mães
de ventre seco pelas lágrimas.
E a neve ilumina os prados
como a lua. Oh estes mortos. Batam
na fronte, batam até ao coração.
Que ao menos no silêncio alguém uive
neste círculo branco de sepultados.
Salvatore Quasimodo, Itália (1901-1968), tradução de Nuno Dempster

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