Teixeira de Pascoaes nasceu no ano de 1877 e desde muito cedo manifestou um grande amor à Natureza.
Licenciou-se em Direito, na Universidade de Coimbra e chegou a exercer o cargo de Juiz substituto na Comarca de Amarante.
No entanto, em 1913, abandona a carreira judicial e passa a residir no solar da família em São João do Gatão, perto de Amarante, dedicando-se à administração das propriedades, à escrita e à contemplação da Natureza e da "sua" amada Serra, a Serra do Marão.
Morreu em 1952, aos 75 anos de idade.
Viveu como eremita e amou a natureza quase de modo místico.
É um dos grandes poetas da língua portuguesa, a quem Mário Cesariny, seu amigo e organizador de uma antologia, julgou superior a Pessoa.
A sua obra é vasta e excelente, merecendo a atenção de todos nós.
A ALMA
A alma não é mais
Que transcendente imagem
De tudo quanto abrange
A luz do nosso olhar.
É o retrato perfeito
E fiel duma paisagem:
Tem uma serra ao fundo, e, depois dela, o mar.
UMA AVE E O POETA
I
Sobre aquele pinheiro aureolado
De inerte e vegetal melancolia,
Um passarinho alegre e alvoroçado,
Cantou, cantou durante todo o dia...
Estive a ouvi-lo mudo e extasiado...
Mas, por fim, perguntei-lhe: Que alegria,
Se fez em ti, ó corpo acostumado
À cruz das tuas asas de agonia?
Dize: que viste tu, no céu profundo?
Que foi que aconteceu sobre este mundo?
Grande coisa de certo adivinhaste...
Ou revelou-te a Luz o seu mistério?
E divina canção de amor etéreo,
Em procura do sol, alevantaste?
II
E a avezinha serena e confiada,
N´um olhar de ternura me envolveu;
E em sua doce voz iluminada
E tão cheia de graça, respondeu:
Meu canto é luz do sol em mim filtrada;
Vou a cantar... e canta a luz do céu.
E das aves da noite a voz cerrada,
É penumbra que n´elas se embebeu.
Sonho a perfeita e mística alegria!
Desejo ser apenas harmonia;
Canção de luz que todo o espaço inflama!
Ser a Esperança viva, a Eternidade;
Não ser a estrela e ser a claridade;
Ser apenas o Amor, não ser quem ama.
Licenciou-se em Direito, na Universidade de Coimbra e chegou a exercer o cargo de Juiz substituto na Comarca de Amarante.
No entanto, em 1913, abandona a carreira judicial e passa a residir no solar da família em São João do Gatão, perto de Amarante, dedicando-se à administração das propriedades, à escrita e à contemplação da Natureza e da "sua" amada Serra, a Serra do Marão.
Morreu em 1952, aos 75 anos de idade.
Viveu como eremita e amou a natureza quase de modo místico.
É um dos grandes poetas da língua portuguesa, a quem Mário Cesariny, seu amigo e organizador de uma antologia, julgou superior a Pessoa.
A sua obra é vasta e excelente, merecendo a atenção de todos nós.
A ALMA
A alma não é mais
Que transcendente imagem
De tudo quanto abrange
A luz do nosso olhar.
É o retrato perfeito
E fiel duma paisagem:
Tem uma serra ao fundo, e, depois dela, o mar.
UMA AVE E O POETA
I
Sobre aquele pinheiro aureolado
De inerte e vegetal melancolia,
Um passarinho alegre e alvoroçado,
Cantou, cantou durante todo o dia...
Estive a ouvi-lo mudo e extasiado...
Mas, por fim, perguntei-lhe: Que alegria,
Se fez em ti, ó corpo acostumado
À cruz das tuas asas de agonia?
Dize: que viste tu, no céu profundo?
Que foi que aconteceu sobre este mundo?
Grande coisa de certo adivinhaste...
Ou revelou-te a Luz o seu mistério?
E divina canção de amor etéreo,
Em procura do sol, alevantaste?
II
E a avezinha serena e confiada,
N´um olhar de ternura me envolveu;
E em sua doce voz iluminada
E tão cheia de graça, respondeu:
Meu canto é luz do sol em mim filtrada;
Vou a cantar... e canta a luz do céu.
E das aves da noite a voz cerrada,
É penumbra que n´elas se embebeu.
Sonho a perfeita e mística alegria!
Desejo ser apenas harmonia;
Canção de luz que todo o espaço inflama!
Ser a Esperança viva, a Eternidade;
Não ser a estrela e ser a claridade;
Ser apenas o Amor, não ser quem ama.
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