Lia-me Camões meu Pai.
... A tristeza de ambos
se juntava, em mim crescia.
E a voz, a inalterável
mergulhia das palavras
procriavam sarmentosos liames.
(Basílico a Mãe depunha no lume,
a carne com alecrim perfumava).
O livro de carneira negra,
as letras juntas em oiro:
morros, alusões, muros
verdentos, o último da vida ouvia.
Mordaça invisível. Em lágrimas,
minhas, de meu Pai e de Camões, voava.
![Foto: Dois Poemas de António Osório
CAMÕES
Lia-me Camões meu Pai.
A tristeza de ambos
se juntava, em mim crescia.
E a voz, a inalterável
mergulhia das palavras
procriavam sarmentosos liames.
(Basílico a Mãe depunha no lume,
a carne com alecrim perfumava).
O livro de carneira negra,
as letras juntas em oiro:
morros, alusões, muros
verdentos, o último da vida ouvia.
Mordaça invisível. Em lágrimas,
minhas, de meu Pai e de Camões, voava.
O CANTO DO CISNE
Nunca o ouvi.
Que seja inextinguível.
Ou então silencioso
por pudor e tremendo
de raiva.
E que dure o bastante
para que nada fique por cantar.
[in A Luz Fraterna - Poesia Reunida, Assírio & Alvim, 2009]](https://fbcdn-sphotos-c-a.akamaihd.net/hphotos-ak-snc6/c0.0.403.403/p403x403/734918_469532359776992_979873839_n.jpg)
O CANTO DO CISNE
Nunca o ouvi.
Que seja inextinguível.
Ou então silencioso
por pudor e tremendo
de raiva.
E que dure o bastante
para que nada fique por cantar.
[in A Luz Fraterna - Poesia Reunida, Assírio & Alvim, 2009]Ver mais
Sem comentários:
Enviar um comentário