quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

De Paulo Mendes Campos


PAULO MENDES CAMPOS
Nasceu em Belo Horizonte em 1992 (28 de Fevereiro)  e faleceu 1991. Poeta e cronista, dos mais notáveis das letras brasileiras. Merece ser relido sempre pelas novas gerações pela qualidade de seus textos. Aqui vai apenas uma pequena mas significativa mostra de seu enorme talento: dois poemas escolhidos de seu livro Testamento do Brasil e O Domingo Azul do Mar , publicado pela Editora do Autor, em 1996, no Rio de Janeiro.
   
CANTIGA PARA DJANIRA
 
O vento é o aprendiz das horas lentas,
traz suas invisíveis ferramentas,
suas lixas, seus pentes finos,
cinzela seus cabelos pequeninos,
onde não cabem gigantes contrafeitos,
e, sem emendar jamais os seus defeitos,
já rosna descontente e guaia
de aflição e dispara à outra praia,
onde talvez enfim possa assentar
seu momento de areia — e descansar.


 
 
 


NESTE SONETO
 
Neste soneto, meu amor, eu digo,
um pouco à moda de Tomás Gonzaga,
que muita coisa bela o verso indaga,
mas poucos belos versos eu consigo.
Igual à fonte escassa no deserto,
minha emoção é muita, forma, pouca.
Se o verso errado sempre vem-me à boca,
só no meu peito vive o verso certo.
Ouço uma voz soprar à frase dura
umas palavras brandas, entretanto,
não sei caber as falas de meu canto,
dentro da forma fácil e segura.
E louvo aqui aqueles grandes mestres
das emoções do céu e das terrestres.

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