terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Dois Poemas de António Osório

CAMÕES


Lia-me Camões meu Pai.
... A tristeza de ambos
se juntava, em mim crescia.
E a voz, a inalterável
mergulhia das palavras
procriavam sarmentosos liames.
(Basílico a Mãe depunha no lume,
a carne com alecrim perfumava).
O livro de carneira negra,
as letras juntas em oiro:
morros, alusões, muros
verdentos, o último da vida ouvia.
Mordaça invisível. Em lágrimas,
minhas, de meu Pai e de Camões, voava.

Foto: Dois Poemas de António Osório 

CAMÕES


Lia-me Camões meu Pai.
 A tristeza de ambos
 se juntava, em mim crescia.
 E a voz, a inalterável
 mergulhia das palavras
 procriavam sarmentosos liames.
 (Basílico a Mãe depunha no lume,
 a carne com alecrim perfumava).
 O livro de carneira negra,
 as letras juntas em oiro:
 morros, alusões, muros
 verdentos, o último da vida ouvia.
 Mordaça invisível. Em lágrimas,
 minhas, de meu Pai e de Camões, voava.

 O CANTO DO CISNE
 
Nunca o ouvi.
 Que seja inextinguível.
 Ou então silencioso
 por pudor e tremendo
 de raiva.
 E que dure o bastante
 para que nada fique por cantar.
 
[in A Luz Fraterna - Poesia Reunida, Assírio & Alvim, 2009]
O CANTO DO CISNE                                                  

Nunca o ouvi.
Que seja inextinguível.
Ou então silencioso
por pudor e tremendo
de raiva.
E que dure o bastante
para que nada fique por cantar.

[in A Luz Fraterna - Poesia Reunida, Assírio & Alvim, 2009]
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