Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois por Alberto Caeiro |
Escrito em 4-3-1914. |
Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois
Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada,
E que para de onde veio volta depois
Quase à noitinha pela mesma estrada.
Eu não tinha que ter esperanças — tinha só que ter rodas ...
A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...
Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.
A morte é a curva da estrada
Poesias. Fernando Pessoa. (Nota explicativa de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1942 (15ª ed. 1995).- 142.
Escrito em 23-5-1932
A morte é a curva da estrada,
Morrer é só não ser visto.Escrito em 23-5-1932
A morte é a curva da estrada,
Se escuto, eu te oiço a passada
Existir como eu existo.
A terra é feita de céu.
A mentira não tem ninho.
Nunca ninguém se perdeu.
Tudo é verdade e caminho.
Sem comentários:
Enviar um comentário