Eleição do papa faz história e surpreende a todos
14/03/2013
Monica Yanakiew
Correspondente da Agência Brasil/EBC
Buenos Aires – A eleição do novo papa fez história e surpreendeu a todos,
especialmente aos argentinos. O arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario
Bergoglio, foi favorito no conclave de 2005, que acabou elegendo o alemão Joseph
Ratzinger. Ninguém achava que, oito anos depois, Bergoglio substituiria
Ratzinger, que renunciou em meio a denúncias de corrupção e pedofilia na Igreja. Bergoglio
é o primeiro jesuíta e o primeiro latino-americano que vai comandar 1,2 bilhão
de católicos.
Apesar de Bergoglio ser um dos cotados, desta vez ninguém arriscou. Pesava,
acima de tudo, a idade: ele era oito anos mais velho que em 2005, quando o
Vaticano optou por um papa que acabou renunciando ao cargo, alegando a idade
avançada. Mal o Vaticano anunciou o nome dele, em latim, os argentinos foram à
Catedral de Buenos Aires, no centro da capital.
Algumas pessoas choravam sem parar. Outras dançavam com a bandeira argentina,
ou rezavam, levantando os rosários. “Sinto tanto orgulho que não sei como me
expressar”, disse a contadora Ana Maria Lopez. Ela foi à catedral de Buenos
Aires assim que ouviu o nome de Bergoglio na televisão. O arcebispo de Buenos
Aires, que se tornou papa, é conhecido por muitos – em bairros ricos e nas favelas,
em igrejas e sinagogas.
“Ele vivia do jeito que pregava: andava de autocarro e de metro. Já me cruzei com
ele na favela Villa 31, onde moro, mais de uma vez. Não dava muita bola porque
não pensava que ia tornar-se papa ”, disse à Agência Brasil o
eletricista Barnabas Lopez. “A escolha do nome é simbólica”, lembrou Ana Maria
Gonzalez. “Francisco é o santo dos pobres, que denunciou a opulência do Vaticano
e foi perseguido por causa disso. Espero que o novo papa Francisco faça uma
limpeza na Igreja.
Bergoglio tem fiéis na comunidade cristã (92% dos argentinos são católicos) e
na comunidade judaica (a maior da América Latina). No ano passado, participou de
uma cerimônia interreligiosa em uma sinagoga, comemorando o Natal e a Hanukkah
(festa judaica, também conhecida como Festival das Luzes). Estavam presentes
também representantes de religiões afro-americanas, como a umbanda.
Na Argentina, as opiniões estão divididas. Pesam sobre Bergoglio denúncias de
envolvimento no sequestro de dois padres jesuítas, durante a ditadura argentina
(1976-1983). Ele teria retirado a protecção eclesiástica. Bergoglio nunca se
manifestou sobre o tema até recentemente, quando negou qualquer
participação.
A presidente Cristina Kirchner enviou carta ao novo papa, felicitando-o pela
eleição. Num seu discurso, ela pediu que ele interfira para convencer as grandes
potências a usar a negociação como meio para resolver as diferenças políticas.
Cristina Kirchner disse também que irá à posse do novo papa.
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