quarta-feira, 24 de abril de 2013

Giuseppe Ungaretti


Pequena biografia: Giuseppe Ungaretti, filho de italianos da Toscana, nasceu em 10 de Fevereiro de 1888 em Alexandria, onde realizou seus primeiros estudos. Em 1912 visitou pela primeira vez a Itália a caminho de Paris. Estudou na Sorbonne, conheceu os movimentos de vanguarda e fez amizade com algumas das figuras mais importantes da cultura contemporânea, tais como Apollinaire, Gide, Max Jacob e Picasso. Em 1915-18, luta como soldado pela Itália na I guerra. Dessa experiência surge seu primeiro livro - "A Alegria" (1914-9). Em 1921 se estabelece em Roma, onde escreve "Sentimento do Tempo", obra realmente marcada pela consciência da temporalidade. Em 1936, muda-se para o BRASIL e ocupa a cátedra de Língua e Literatura Italiana na USP. Nesse período, morre seu filho Antonietto, de 9 anos, a quem dedica o livro "A Dor". Em 1942, retorna a Itália e lecciona na Universidade de Roma. Em 1950, mundialmente famoso, publica "A Terra Prometida". Morre em Milão em 1970, tendo organizado sua obra, "Vita d´un Uomo".

Sentimento do Tempo                                            

...E pela luz precisa,
apenas uma sombra violeta caindo
sobre o cume menos alto,
a distância aberta à medida,
cada pulsação minha à maneira do coração,
mas agora o escuto,
te apressa, tempo, a pôr-me sobre os lábios
os teus lábios últimos.
...                                                                                                                            

     A PIEDADE

  PRIMEIRA PARTE
...
Sou um homem ferido.
...
E me quisera ir
E finalmente chegar,
Piedade, onde se escuta
O homem só consigo.
...
Não tenho mais que soberba e bondade.
...
E me sinto exilado entre os homens.
...
Mas por eles padeço.
Não serei digno de voltar a mim?
...Povoei de nomes o silêncio....Fiz em pedaços coração e mente
Para cair na servidão das palavras?
...Reino sobre fantasmas.
...
Oh folhas secas,
Alma levada aqui e acolá...
...
Não, odeio o vento e sua voz
De besta imemorial.
...Oh Deus, aqueles que te imploram
Não te conhecem senão de nome?
...
Me desfizeste da vida.
...
Me desfarás da morte?
...
Talvez o homem é também indigno de esperar.
...
Mesmo a fonte do remorso está seca?
...
Que importa o pecado
Se já não conduz à pureza.
... ...
A carne se recorda apenas
De que outrora fora forte.
...
Está louca e gasta, a alma.
...
Deus, contempla a nossa debilidade.
...
Quiséramos uma certeza.
...
De nós sequer ris mais?
...
Compadecemos, crueldade.
...
Não posso mais estar murado
No desejo sem amor.
...
Mostra-nos um rastro de justiça.
...
Tua lei qual é?
...
Fulmina minhas pobres emoções,
Livra-me da inquietude.
...
Estou cansado de urrar sem voz.
...
                                                                      CARLOS BESEN TRADUZIU

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