quinta-feira, 21 de março de 2013

Natália Correia no dia Mundial da Poesia e da Floresta

No dia Mundial da Poesia, hoje, 21 de Março, este poema de Natália Correia sobre Inês de Castro, aquela de quem Camões disse: "...mísera e mesquinha, que depois de ser morta foi rainha...".


Até ao fim do Mundo                                              
                                                                                                             
Era pedra e sobre essa pedra
Ergueu-se o templo do amor atroz.                          
Ele de fogo, ela a cordeira
Toda cordura chamando o algoz.

Sangram as tubas: Inês é morta!
Em meigo mito transmuta-a o pranto
Do ermo amante que erra sozinho
No seu deserto de diamante.

Nem ar sangrento buscam seus olhos
Do corpo amado desfeitas pérolas;                     
E como fera coro os ossos                 Natália Correia
Da formosura que ao alto o espera


E em desatino da paixão lusa,
Perdida a alma que em Inês tinha,
O fim do mundo ficou esperando
Aos pés da morta, sua rainha.

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