sexta-feira, 31 de maio de 2013

Joana d'Arc

1431: Joana D'Arc morre na fogueira      

Joana D'Arc foi queimada numa fogueira em praça pública a 30 de maio de 1431 na cidade francesa de Rouen. A jovem filha de camponeses liderou a luta contra a ocupação inglesa em 1429, na Guerra dos Cem Anos. Fez ontem 582 anos.
Napoleão Bonaparte certa vez disse: "Um francês pode fazer milagres ao ver a independência do país ameaçada". Ainda hoje, Joana D'Arc é um símbolo nacional para os franceses. Vários livros com sua biografia e diversos filmes foram lançados sobre a ingénua, porém corajosa filha de lavradores do interior da França.
Joana D'Arc nasceu em Domrèmy-la-Pucelle na noite de Epifania de 1412. Já em vida, se tinha tornado uma lenda, as pessoas queriam vê-la e tocá-la. Em 1429, entrou para a história da França ao escrever uma carta ao chefe da ocupação inglesa:

"Rei da Inglaterra, autointitulado regente do Império Francês, entregue à virgem enviada por Deus, imperador do céu, a chave de todas as cidades que Sua Alteza tomou dos franceses. Se não o fizer, Sua Alteza já o sabe, eu sou general. Em todo lugar na França que encontrar da sua gente, vou expulsá-la."
Teria sido ousadia ou ingenuidade a oferta feita por Joana, então com 16 anos, ao seu rei, Carlos VII, de expulsar os invasores ingleses de Orléans e assim ajudá-lo a garantir-se no trono da França? Ao se apresentar como enviada divina, ajudou a projectar seu nome na história.
Oficialmente, ninguém contestava a necessidade de expulsar os britânicos. Mesmo assim, o rei e seus consultores preferiram mandar averiguar quem era aquela jovem. Doutores, religiosos, guerreiros, ninguém encontrou ressalvas à pura Joana, apenas o bem, a inocência, a humildade, a honestidade e a submissão. 
Enviada por Deus                             

Joana apareceu para salvar os franceses justamente no momento em que eles acreditavam
que apenas um milagre poderia ajudá-los. E a Joana vestida de guerreiro, um enviado de Deus, incorporou esta esperança. O povo via nela a concretização de um antiga profecia, segundo a qual a França seria salva por uma virgem. Uma propaganda ideal para a corte. Era a oportunidade para motivar suas tropas, que a esta altura estavam com a imagem um tanto desgastada.
Joana, a salvadora. Com o passar dos séculos, ela foi chamada de tudo: bruxa, santa, feminista, nacionalista, heroína. E, na tela, é apresentada como um tipo de adolescente rebelde, altruísta, apegada aos ideais.
Mas, retrocedendo na história: depois que ela foi discutida em pormenor por uma comissão da corte, recebeu o uniforme completo de cavaleiro e começou a lutar pela libertação. Orléans estava sitiada pelos ingleses há seis meses. Uma tropa de cinco mil homens pretendia forçar os 30 mil habitantes a se entregar. Apesar de não ser um integrante activo nos planos dos militares franceses, o espírito de luta de Joana – e talvez apenas sua presença – trouxe a vitória aos franceses.
No dia 8 de maio de 1429, ela foi festejada pelos moradores de Orléans como enviada divina. E seguiram-se ainda muitas vitórias até a coroação de Carlos VII em Reims. Os ingleses, derrotados, iniciaram uma conspiração contra Joana, que acusavam de bruxaria. Ela foi presa em 1430 e condenada pela Inquisição a morrer na fogueira, depois de 20 meses de julgamento.
 Frases de Joana D'Arc   

"Assegurem-se de estar corretos com Deus, ataquem e a vitória será de vocês" - durante o ataque à Les Tourelles
"Tinha de ir até o delfim mesmo que tivesse de gastar minhas pernas até o joelho" - testemunho durante o julgamento de reabilitação
"Não sei nada de A e B, mas venho em nome de Deus acabar com o cerco de Orléans e levar o rei a Reims para sua coroação" - resposta dada aos doutores da Igreja quando foi questionada sobre sua missão
"Não tenham dúvida, a hora chega quando Deus quer. Ajam, que Deus agirá!" - motivação dada aos soldados durante questionamentos rumo à Reims

"Existe uma única coisa que temo: a traição" - resposta dada quando foi questionada se não sentia medo
"Essas roupas não afligem minha alma. Quanto às roupas femininas, não as porei enquanto isso não agradar a Deus" - sobre o fato de vestir roupas masculinas no decorrer de todo seu julgamento
" Agrada a Deus que assim seja, uma simples donzela expulsar os inimigos do rei" - extraído de seu processo
"As crianças pequenas dizem que, algumas vezes, homens são enforcados por terem dito a verdade" - desabafo durante uma conversa
"Tenho mais medo de cometer uma falta dizendo algo que desagrade essas vozes do que de não lhe responder" - durante o julgamento, quando foi pressionada pelo bispo Cauchon
"Eu os perdôo!" - últimos momentos da execução, enquanto as chamas roíam seu corpo.


Excerto do filme "A Paixão de Joana d'Arc" de
Carl T. Dreyer (1928)



3 comentários: