Odisseia Irmãos Grimm, 2013: redescobrir os contadores de histórias

 Odisseia Irmãos Grimm

2013 será o verdadeiro ano Grimm, com um extenso programa de comemorações que terá na exposição Grimm Expedition (de 27 de Abril a 8 de Setembro no Documenta Hall de Kassel) o seu acontecimento central

Oficialmente, o bicentenário da primeira publicação dos Contos da Infância e do Lar, a meticulosa recolha que os irmãos Jakob e Wilhelm Grimm fizeram das mais impressionantes histórias de encantar da Alemanha do seu tempo, celebrou-se no dia 20-12-2012. Mas este ano de 2013 será o verdadeiro ano Grimm, com um extenso programa de comemorações que terá na enorme exposição Grimm Expedition (de 27 de Abril a 8 de Setembro no Documenta Hall de Kassel) o seu acontecimento central - uma panorâmica exaustiva da vida e da obra dos irmãos Grimm, que iluminará todas as facetas dos autores.

Um dos livros mais lidos em todo o mundo (em Portugal teve este ano, finalmente, a sua primeira edição integral, pela Temas e Debates), Contos da Infância e do Lar, que tornou globais narrativas do folclore europeu como O Capuchinho Vermelho, Branca de Neve e os Sete Anões ou Rapunzel, caiu paradoxalmente em desuso na Alemanha. Num ensaio recente publicado pela Der Spiegel e citado pelo Guardian, um dos principais comentadores do país, Matthias Matussek, notava que os alemães comuns há muito se "desapaixonaram" pelos contos dos Irmãos Grimm: "Depois do Nazismo, os alemães perderam os sonhos e passaram a fazer questão de assegurar que assim continuará a ser", observa, notando que os Irmãos Grimm foram os grandes psicanalistas do espírito alemão, de que descortinaram as alegrias, os medos e as esperanças primordiais. Após a Segunda Guerra Mundial, e na sequência das várias vozes que alertaram para o facto de se encontrar nos contos dos Irmãos Grimm a explicação para as atrocidades de Bergen-Belsen e Auschwitz (como o autor alemão Günther Birkenfeld), o livro foi banido das escolas durante décadas.

Agora, os alemães parecem finalmente dispostos a reencontrar-se com o seu inconsciente colectivo.