segunda-feira, 13 de maio de 2013

Romano Guardini sobre a crença cristã

Romano Guardini,   um teólogo do  século XX diz assim:

"Não há Doutrina nem sistema de valores nem atitude religiosa nem programa de vida susceptíveis de serem desligados da pessoa de Cristo e dos quais se possa dizer: aqui está o Cristianismo. O Cristianismo é Ele mesmo. A pessoa de Cristo é que faz o Cristianismo. E se alguém perguntasse o que há de certo na vida e na morte, tão certo que tudo o mais se possa fundamentar aí, a resposta é: o Amor de Cristo."

A nossa única certeza é o Amor de Cristo: Deixarmo-nos amar por Cristo é então resposta para todas as nossas dúvidas.


É essa certeza que nos faz perder o medo de arriscar e viver a aventura da entrega radical ao amor de Deus.


Com esta certeza no coração não passamos a ser Senhores da verdade, com explicações racionais para tudo, apenas sabemos e sentimos Cristo de tal modo no meio de nós, que mesmo frágeis, cheios de dúvidas e crises sabemos que ele não nos abandona.


Cristo, o verbo que se fez homem também duvidou, também vacilou, também ele teve medo.


Do Evangelho segundo S. Mateus (Mt 26,36-39)


Então, Jesus chegou com eles a um lugar chamado Getsemani e disse aos discípulos: «Ficai aqui, enquanto Eu vou além orar». E levando consigo Pedro e dois filhos de Zebedeu, começou a entristecer-se e a angustiar-se. Disse-lhes então: «A minha alma está numa tristeza de morte; ficai aqui e vigiai comigo». E adiantando-se um pouco mais caiu com a face por terra, orando e dizendo: «Meu Pai se é possível passe de Mim este cálice; todavia, não seja como Eu quero, mas, como Tu queres.»






Assim se Cristo aceitou e viveu as suas dúvidas e medos também nós podemos aceitar as nossas.

Os Cristãos não têm que ser super-homens, com fé inabalável, a santidade tem muito pouco a ver com heroísmo.


Os Santos são homens que com todos as suas fraquezas se entregaram ao Pai, tal como Jesus eles são capazes de orar e confiar.


Face à dúvida não há outra resposta senão a oração.


Só quando a palavra e a oração têm influência sobre a acção, é que somos fiéis testemunhas de Cristo.


Esta é a nossa verdadeira vocação, darmos testemunho de Cristo. E quando Jesus passa a fazer parte da nossa vida, apenas damos testemunho daquilo que somos.


E como é que nós Cristãos, podemos dar testemunho deste Cristo?


o Primeiro Cântico do Servo, do Livro do Profeta Isaías (Is 42,1-4)


Eis o meu servo, que eu amparo, o meu eleito, no qual a minha alma se deleita; fiz repousar sobre ele o meu espírito, para que leve às nações a verdadeira Justiça. Ele não gritará, não levantará a voz, não clamará nas ruas. Não quebrará a cana rachada, não apagará a mecha que ainda fumega. Anunciará com toda a fidelidade a verdadeira Justiça. Não desanimará nem desfalecerá, até que tenha estabelecido a verdadeira Justiça sobre a terra.


Viver o Amor de Cristo com simplicidade e humildade de coração. Este amor de Cristo cativa-nos e compromete-nos. E leva-nos a anunciarmos às nações a verdadeira justiça.


Um Cristão tem que saber propor com toda a humildade a sua fé e nunca impô-la.


Temos que nos manter abertos ao diálogo com outros povos, outras religiões, com crentes e não crentes.


Este diálogo com os outros tem que ser fruto de um forte diálogo pessoal, de um grande discernimento interior, só porque aceito as minhas dúvidas, consigo aceitar e compreender as dúvidas ou certezas dos outros.


Às dúvidas dos outros, posso apenas responder com a minha certeza do amor do Senhor.


Só a vivência do Espírito poderá permitir dar testemunho aos que não o conheceram na carne, só Ele nos permite também dizer EU VI.


Leitura do Livro do Profeta Isaías (Is 25,6-7):

«o Senhor dos Exércitos prepara para todos os povos sobre este monte um banquete de manjares suculentos, ... , Sobre este monte arrancará o véu que cobre todos os povos o pano que cobre todas as nações.»

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